Infinitos Recomeços

Ah, essa vida de infinitos recomeços.

Estava aqui pensando que não tem nem dois meses que retomamos nossa rotina e parece que nunca saímos dela.

Tudo encaixado no tempo e espaço novamente.

Os dias começam sempre no mesmo horário e na mesma sequência e todos os hábitos estão de volta ao seu lugar.

Para o meu dia funcionar, tenho que sair da cama às cinco da madrugada. Não que eu entre muito cedo ou que trabalhe muito longe. Pelo contrário, eu gosto mesmo é de ter tempo para um bom café e uma singela leitura antes de cutucar a Isa para sair da cama. 

Aqui em casa não existe a possibilidade de acelerar ao acordar. Tem que ter “bom dia, flor do dia” e mãe dando carona de cavalinho. Se corre o risco de ela ficar mal acostumada? Na verdade acho que já está. Mas não sei se existe um grande problema nisso. Afinal, em algum momento eu não vou conseguir mais dar esse colo ou talvez não esteja por perto para esse ritual do despertar, então, que seja infinito enquanto dure.

A Isa reclama de acordar muito cedo, mas ainda prefere isso ao fato de acordar e ter que fazer tudo com pressa, ou até mesmo cogitar estudar no período da tarde.

Mas o que está batendo forte aqui mesmo é a nossa capacidade de sermos resilientes e nos adequarmos tão rapidamente às mudanças. 

Por um longo tempo eu imaginei que esse retorno seria mais complicado, mas acho que retomamos exatamente de onde paramos: de um processo de encontro com a autonomia e com o distanciamento tão necessários para o nosso amadurecimento.

Penso que nesse período todo que passamos em casa por conta dessa pandemia, o que mais nos fazia falta era o nosso espaço da individualidade. Os lugares onde nos dedicamos às atividades que não se resumem ao nosso status social de mãe e filha.

Voltamos para os lugares onde somos aluna e professora e convivemos com nossos amigos ou companheiros de trabalho.Voltamos para a vida que tínhamos antes, mas certamente não somos mais as mesmas de antes.

Estamos um ano e meio separadas das pessoas que éramos quando tudo isso começou. 

Hoje, olhando as fotos da Isa em seu primeiro dia de aula em 2020 e seu primeiro dia de aula presencial em 2021, vejo duas meninas diferentes. A de agora está bem mais crescida. Não só no tamanho, mas também nas suas atitudes e pensamentos. Eu também me vejo diferente. Diferente de uma maneira que não sou capaz de explicar, apenas de sentir. 

Eu sempre achei que o tempo voasse depois da maternidade, mas esse período de pandemia fez ele acelerar ainda mais. Crescemos e evoluímos dentro do espaço da nossa casa e nesse momento estamos levando por aí tudo que aprendemos ou até desaprendemos  nesse tempo todo. Um desaprender no sentido de desconstruir o que não nos faz mais sentido para nós.

A vida vai seguir adiante e nós vamos continuar nesse infinito recomeçar de cada dia e exercitando cada vez mais essa nossa incrível capacidade de adequação que tanto colabora para nossa constante metamorfose.

Até breve!

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