Sem límites para o amor

Um título bem sugestivo, não?

Também achei e quando comecei a leitura não podia imaginar o quão cativante ela poderia ser.

Eu ainda não terminei, mas precisava sentar e escrever sobre isso. 

O livro traz uma coleção de Nove Fundamentos que visam auxiliar no desenvolvimento de crianças com algum tipo de deficiência, seja ela física ou neurológica. Mas enquanto a leitura avança, começamos a perceber que tais fundamentos podem ser usados para o desenvolvimento de qualquer ser humano. 

Na verdade, o que me fez sentir vontade de sentar e escrever foi o fundamento que intitulado “Devagar”.

É um fundamento que nos sugere desacelerar para se apropriar de novos conhecimentos e informações. Ele diz que “ir devagar desperta a atenção do cérebro fornecendo à criança o tempo para sentir”.

E eis que aqui eu parei e pensei em todas as situações do nosso cotidiano em que não nos permitimos desacelerar.

Passamos grande parte dos nossos dias ocupando cada espaço com alguma atividade e deixamos nossa agenda com tudo tão encaixado que não temos tempo para ir devagar.

Todos os dias colocamos o despertador para tocar com o tempo exato para nos organizarmos e sairmos de casa para o trabalho. Uma água derramada, um elevador quebrado ou uma chave não encontrada, e nossa aceleração se intensifica nos fazendo, em alguns casos, cometer nossos equívocos.

Corremos para  não perder o transporte, comemos correndo e sem mastigar para reduzir a hora do almoço, aceleramos aqui já pensando no que vem depois.

Transferimos essa aceleração para nossas crianças e muitas vezes exigimos delas habilidades que ainda não desenvolveram ainda, apenas para cumprir com essa aceleração toda. E assim vamos reproduzindo esse comportamento a cada nova geração.

Já me senti culpada muitas vezes quando me entreguei ao ócio de um tempo propositadamente ocioso ou porque decidi não assumir um compromisso que não me permitiria um intervalo suficiente para uma pausa. Muitas vezes sentimos essa culpa porque culturalmente precisamos ser pessoas muito ocupadas e sem tempo para nada além do que é considerado socialmente importante. 

Ler sobre o devagar, mesmo que seja dentro de um contexto bem específico, parece validar minha crença de que não precisamos acelerar para chegar sempre antes e mais rápido. Nosso corpo e nossa mente precisam de tempo para se apropriar adequadamente das mudanças que vamos exigindo deles em cada etapa de nossas vidas. Por que não dar esse tempo? 

Hoje eu desacelero sem me preocupar com a aceleração que esperam de mim e, se for para fazer alguma coisa, farei sempre aquilo que for possível fazer com calma. Mais elaborado se eu tiver mais tempo e menos se eu tiver menos tempo. O inverso, já aviso que não será possível.

Por isso, estou aqui cogitando fazer uma camiseta com uma frase do livro que responde por mim “ir devagar é parte do que fomos projetados para fazer.”

Até breve (ou nem tanto)!

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