Sobre o valor do tempo

Se tem uma coisa que eu percebo que não está simplesmente passando, mas está voando, é o tempo.

Parece que eu pisquei e a Isa já passou dos 19 meses de vida. Ou seja, quanta coisa já não vivemos juntas.

Mas por que resolvi pensar no tempo? Por conta de um simples passeio que fizemos ontem: sair de casa e ir até o mercado perto de casa simplesmente para comprar pó de café.

O que isso tem de muito especial? Tudo.

O mercado que me refiro fica bem próximo da minha casa e conta com o comodidade de ter estacionamento fácil, principalmente em uma quinta-feira pela manhã. Se eu decidisse tirar o carro da garagem para ir até lá, provavelmente em menos de 20 minutos conseguiria ir, comprar e voltar o que garantiria uma grande economia de tempo. Mas ao mesmo tempo eu perderia os encantos deste passeio que eu tanto gosto de fazer.

Quando a Isa ainda era muito pequenininha e só andava de carrinho ou no colo e eu ainda estava de licença maternidade, descobri que sair para ir até o mercado e comprar coisinhas para o nosso café da tarde era algo extremamente prazeroso para mim. Como passávamos a maior parte do tempo sozinhas, era uma maneira de conhecer o lugar em que nós duas éramos recém chegadas e, ao mesmo tempo, espairecer um pouco.

Hoje, ela não precisa mais de carrinho e nem de colo – só na hora de atravessar a rua – a ainda assim, gostamos do passeio. Ela vai e volta andando e no caminho vai fazendo suas paradas para suas descobertas. Certa vez ela viu um caminho de formigas na calçada do condomínio e até hoje sempre que passa por lá faz carinha de pergunta, levanta os ombros e diz “Mi”.

Vemos do outro lado da avenida uma clínica veterinária com vários bichinhos desenhados na parede que ela aponta para mostrar o “au au” e a “mi” – neste caso se referindo a nossa coelha de estimação apesar de não ter nem um coelho desenhado entre os bichos.

Ela ainda aponta para todos os ônibus que passam, pára para ouvir a senhora que vende coco, mostrar as motos que ficam na frente de uma loja e dar tchau para as árvores que ficam em um dos terrenos.

Já no mercado, quer carregar a cesta, ajudar a pegar as coisas e fazer tentativas de convencer a mãe de comprar as coisinhas que ela já sabe que gosta.

Fazemos o caminho de volta e quando chegamos em casa 40 minutos já se passaram e ainda temos tempo de cuidar da Mia, preparar um almoço gostoso, almoçarmos juntas e ela curtir um descanso antes de sairmos novamente, mas desta vez ela para a escola e eu para o trabalho.

Neste mundo onde o tempo parece sempre estar contra nós e que muitas vezes temos que fazer escolhas que nos privam de estar com as pessoas que mais precisam de nós, pude escolher estar perto. Tenho o privilégio de um emprego de meio período que me permite ter tempo em quantidade e qualidade com minha filha.

20150403_092312 Tempo para brincar, andar na rua, ir ao parque, fazer refeições juntas, levar na escola, conversar.

Tempo que só faz passar e que não vai voltar, mas sempre vai deixar boas lembranças em nossa memória.

Às vezes quando as contas chegam e o bolso aperta, penso se não deveria arranjar um emprego por mais um período, mas o pensamento passa rápido quando lembro que este tempo já está ocupado sendo feliz junto com minha pequena e que as melhores coisas que podemos dar uns aos outros, a vida nos dá de graça, inclusive o tempo.15 - 1

 

Enquanto reflito sobre o nosso tempo, ela está tirando um cochilo, e quando ela acordar vamos nos preparar para dar uma volta e trazer coisinhas gostosas para o nosso café tarde. Afinal, hoje é feriado e temos tempo em dobro para estarmos juntas.

Até breve!

 

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